A Criatividade nos Contos de Fadas Ser Criativo
“A coisa mais sábia – o que os contos de fadas ensinaram à humanidade nos tempos remotos, e ainda ensinam às crianças hoje – é encarar as forças do mundo mítico com astúcia e bom humor”
(Walter Benjamin)
A todo o momento estamos criando algo, seja por meio do concreto ou do imaginário.
E o mesmo acontece nos contos de fadas, os personagens criam e recriam várias e várias vezes no decorrer de suas aventuras.
Criar é inovar, é vivenciar, é se conectar. Criar dá movimento, dá fluidez, dá autenticidade. Ser Criativo
A criatividade cria! Ser Criativo
Nos contos de fadas encontramos vários temas universais que espelham a psique humana, e dentre esses temas está a criatividade.
Antes de prosseguirmos é interessante você refletir como está a sua criatividade.
Ao fazer esse questionamento você estará abrindo a porta para a reconexão não só com você mesmo, mas, também, com esses enredos mágicos.
Você tem dado espaço para a criatividade na sua vida? De que forma?
Caso não esteja, como pode permitir que a criatividade floresça?
Jung, no Volume 15 de suas obras completas, menciona que… Ser Criativo
“o anseio criativo vive e cresce dentro do homem como uma árvore no solo do qual extrai seu alimento.”
Ou seja, a criatividade já existe dentro de nós, tal como Dorothy, Espantalho, Homem de Lata e Leão, desejavam em sua jornada.
Tudo já está aí, apenas aguardando o momento certo para despertar.
Ser Criativo Quando nos conectamos com os contos de fadas e o seu poder criativo, estamos nos conectando com o nosso inconsciente.

Esse contato permite com que conteúdos, antes imersos nas profundezas do nosso ser, venham à superfície.
É nesse instante que o insight acontece, que acendemos a luz em meio à escuridão e nos damos conta de aspectos nossos que até então não havíamos nos atentado ou evitávamos nos atentar.
Ser criativo implica em agir. A criatividade é algo que transborda, que pede passagem para ser externalizada.
Ela nasce das inúmeras histórias e experiências que nos deparamos no decorrer do nosso conto de vida.
Ser criativo é um caminho. Como diz Dieckmann (1986, p.144)…
“é sempre a decisão da própria pessoa que determina a escolha do caminho”.
Pensando nos contos de fadas, quando os personagens aceitam o chamado à aventura essa decisão se concretiza, e um novo capítulo de sua vida começa a ser traçado.
Retornando a referência ao conto O Mágico de Oz, Dorothy escolheu proteger-se do tornado em sua casa, indo, assim, parar em Oz.
Ela também escolheu seguir a estrada de tijolos amarelos para encontrar o Mágico.
Depois, escolheu derrotar a Bruxa Má do Oeste, porém, acabara capturada pela mesma.
Durante sua fuga a Bruxa é criativa e ateia fogo no Espantalho, mas Dorothy é mais criativa ainda ao perceber que ali há um balde de água. Ser Criativo
Nesse impasse, a menina descobre, curiosamente, que a água é a sua maior arma, já que faz a Bruxa derreter.
No seriado Once Upon a Time acompanhamos vários momentos criativos, partindo tanto dos heróis como dos vilões.
Na 3ª temporada, uma nova maldição é lançada. Um dos ingredientes para esse feitiço é o coração da pessoa que o lançador mais ama.
Branca de Neve, que é a responsável por essa magia, tem que retirar o coração do Príncipe Encantando, porém, não aceitando perdê-lo, perspicazmente ela sugere que seu coração seja dividido, ficando metade com ela e metade com ele. Ser Criativo
Branca de Neve ousa! Não sabe se seu ato criativo dará certo, mas precisa tentar.
Com isso, podemos compreender que a criatividade também envolve sacrifícios.
Ser Criativo Se estamos a todo o momento escolhendo, escolhas, consequentemente, são renúncias de outros caminhos, de outras possibilidades.

Outro exemplo de criatividade e esperteza é observado em Peter Pan. Peter é criativo ao usar o medo de jacarés do Capitão Gancho para atormentá-lo.
Em Pequena Sereia a Bruxa do Mar é criativa quando se transforma em uma bela moça, usando a voz de Ariel, para conquistar o Príncipe Eric.
A Rainha Má de Branca de Neve utiliza de um artifício semelhante, transforma-se em uma velhinha para persuadir a garota. Ser Criativo
Já em Mulan, acompanhamos essa transformação, mas sem magia. A fim de proteger seu pai, ela veste-se de homem e vai para a guerra no lugar dele.
Em Chapeuzinho Vermelho é o Lobo que se disfarça e engana a pobre menina.
Por outro lado, no conto de João e Maria, os irmãos trabalham em equipe e conseguem enganar a Bruxa, jogando-a no fogo e fugindo.
Em Os Três Porquinhos, o irmão mais velho é criativo e inteligente ao construir uma casa de tijolos para se proteger do Lobo.
Enfim, os exemplos são os mais variados.
Ser Criativo O propósito com essas clarificações é apontar que, se os personagens dos contos de fadas são criativos, nós também podemos ser.
Mas, para aflorar a criatividade é imprescindível aceitar o chamado ao mergulho nos contos de fadas, é imprescindível aceitar o convite para experienciar esses enredos e sua totalidade no nosso dia a dia.
De acordo com a autora Jean Clark Juliano (1999, p.15)… Ser Criativo
“as histórias nos põem em movimento, e uma porção de coisas que julgávamos perdidas, sem nunca mais ter acesso, começam a sair do fundo do baú. Sonhos, fantasias, delírios…”.
A arte da criatividade só é possível em conjunto, só é possível quando há uma conexão entre o inconsciente e o consciente, somente assim, é que esses conteúdos começarão a sair do fundo do baú, como Juliano coloca na citação acima.
Além disso… Ser Criativo
“as histórias ajudam a desenvolver o potencial criativo do indivíduo e seu intelecto, tornando claras suas emoções, possibilitando-o, assim, a enxergar o que antes lhe era difícil: a solução dos problemas” (MEDEIROS, 2012. p.35).
Isto é, quando falamos dos contos de fadas, estamos falando de histórias, e essas histórias são sobre os outros e sobre nós.
São histórias que carregam carga afetiva, criatividade, amadurecimento, autoconhecimento.
E para compreender as histórias e ativarmos o ser criativo que há em nosso interior, precisamos, acima de tudo, imaginá-las como se estivéssemos dentro delas (ESTÉS apud MEDEIROS, 2012).
A criatividade nos contos de fadas se faz presente muito antes de iniciarmos a leitura ou de alguém iniciar a sua narração.
A criatividade nos rodeia, nos envolve, nos acolhe. Ser Criativo

E, a meu ver, não há melhor maneira de terminar o artigo de hoje da coluna, a não ser por uma reflexão que contribuirá para a (re)descoberta da sua – e da nossa – criatividade:
Sempre que se conta um conto de fadas, a noite vem. Não importa o lugar, não importa a hora, não importa a estação do ano, o fato de uma história estar sendo contada faz com que o céu estrelado e uma lua branca entrem sorrateiros pelo beiral e fiquem pairando acima da cabeça dos ouvintes. Às vezes, ao final de um conto, o aposento enche-se de amanhecer; outras vezes um fragmento de estrela fica para trás, ou ainda uma faixa de luz rasga o céu tempestuoso. E não importa o que tenha ficado para trás, é com essa dádiva que devemos trabalhar: é ela que devemos usar para criar alma. (ESTÉS, 2014. p.515)
Recomendo que você leia também: O Que as Florestas Mágicas dos Contos de Fadas Nos Ensinam Sobre a Vida?
Um beijo e uma (re)descoberta,
Juliana.
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Juliana Ruda – Psicóloga de Orientação Junguiana (CRP 08/18575).
Tem Especialização em Psicologia Analítica.
Atua na área clínica atendendo jovens e adultos.
Ministra cursos, palestras, workshops e grupos de estudos com temas relacionados à Psicologia, Psicologia Junguiana e Contos de Fadas.
É uma das colaboradoras da Comissão Temática de Psicologia Clínica do Conselho Regional de Psicologia do Paraná.
Além de eterna aventureira dos Contos de Fadas!
Contatos – E-mail: psicologa.julianaruda@gmail.com
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