Liberdade de Escolha
Liberdade de Escolha?
Maria, 30 anos, casada há cerca de 8 anos, trabalha durante 10 horas por dia e…. não tem filhos.
Esta curta descrição sobre Maria já gera uma certa inquietação: por que ela tem filhos?
Ela tem alguma doença?
Ou mesmo o marido/companheiro?
Há outro impedimento biológico que justifique esta condição?
Estes seriam alguns dos inúmeros questionamentos emitidos pelo círculo social e familiar desta figura fictícia.
Mas se eu te falar que Maria ESCOLHEU não ter filhos?
Isto mesmo: escolheu.
Mas muitos irão dizer:
Que mulher egoísta e desumana! Toda mulher sempre deseja ter filhos! Ela não sabe a delícia que é ser mãe! Mãe é padecer no paraíso! Quando você estiver velha, quem vai cuidar de você?
E por aí vai. Liberdade de Escolha
Os argumentos que tentam incutir culpa e vergonha nesta decisão da mulher são inúmeros.
Mas o que eu gostaria de chamar atenção, meu caro leitor, é para o fato da apropriação da autonomia e do direito de escolha da mulher em diferentes esferas da sua vida.
Liberdade de Escolha Ou seja, as decisões, os desejos, as emoções e intenções da mulher são moldados de acordo com interesses sociais, econômicos e culturais desde sempre.
Na infância, a menina se vê mergulhada em modelos estereotipados de gênero que, mais tarde, ganham um verniz naturalizante.
Ou seja, aquilo que foi construído socialmente é justificado de maneira biológica.
Chovem as teorias neurossexistas que pretendem garantir fundamentos científicos e biológicos para as características estereotipadas de gênero.
Neste contexto, o universo psíquico feminino é alienado por interesses, principalmente, de cunho econômico.
E dominado pelo sistema social patriarcal, autoritário e misógino.
Recomendo que você leia também: Pensamentos Machistas: Por que Tanto Ódio Contra as Mulheres?
Com isso, quando uma mulher é dona de suas decisões, desejos e do corpo, cria-se um clima emocional de vergonha e culpa.
Para que ela entenda, rapidamente, que este não é o seu lugar / desejo natural.
O que eu quero deixar claro é como a violência se faz presente na vida da mulher de alguma forma.
E na vida do homem também!
Uma vez que ele está amarrado a conceitos de masculinidades que devem ser provados e praticados reiteradamente.
Esta situação exposta no texto pode ser aplicada quando os homens não casam, tem uma vida sexual monogâmica, dividem as tarefas em casa, dentre outras.
Mas você deve estar se perguntando: como assim?
É sobre isto que eu irei falar nas próximas linhas.
Antes de mais nada, vou esclarecer um pouco sobre o que é violência.
Ela se caracteriza pelo movimento do ser humano que procura:
- agredir,
- abusar,
- controlar,
- intimidar,
- humilhar,
- denegrir,
- sufocar e,
- em última instância, anular a existência de outro seja de forma física ou emocional.
Então, os recursos violentos para incutir na cabeça de meninos e meninas o que é apropriado ou não para o seu gênero podem ganhar os seguintes contornos:
#1 – O controle nos momentos lúdicos
Muitos pais, as escolas, a família e outros ambientes sociais procuram, de certa maneira, monitorar quais são as escolhas de meninos e meninas.
Este controle visa evitar e desencorajar comportamentos e intenções que desviem dos modelos estereotipados de gênero.
#2 – Desqualificação Liberdade de Escolha
Na sequência dos fatos, esta seria um dos principais mecanismos violentos para afastar e causar vergonha nas crianças que escolhem brinquedos “pertencentes” ao gênero.
Vejamos frases que ilustram mais claramente o que eu estou falando:
- “Brincar de boneca é coisa de viado”;
- “Menina não pode jogar bola”;
- ” Não é coisa de menino ficar brincando de casinha”, dentre outras.
#3 – Intimidação
Este é muito utilizado quando a criança permanece brincando com objetos e/ou jogos que não são “adequados” para o seu gênero.
Neste momento, a criança é ameaçada com gritos, xingamentos e promessas de agressões físicas.
#4 – Humilhação Liberdade de Escolha
Alguns pais e instituições sociais procuram expor estas crianças que, digamos, desviam da norma ao escrutínio público.
Assim, não é difícil encontrar práticas pedagógicas que tenham este requinte humilhante tais:
- como os castigos em salas de aula,
- os deboches em círculos familiares,
- as insinuações de professores, dentre outros.
#5 – Testes de virilidade e feminilidade
São constituídos por pequenas provas e desafios que tentam avaliar e demonstrar o qual viril é um menino e/ou a quanto submissa é a mulher.
Assim, os meninos são submetidos a situações que põem em xeque sua coragem, força e iniciativa.
Enquanto que as meninas, por sua vez, são avaliadas quanto à delicadeza dos gestos, comprometimento com o bem-estar alheio, identificação de mensagens não-verbais e realização de múltiplas tarefas domésticas ou não.
Estes são alguns recursos opressivos e violentos que costumam ser adotados para modelar meninos e meninas.
Liberdade de Escolha Assim, a liberdade de experimentar é aniquilada desde a tenra infância.
E dessa forma, homens e mulheres são presos e cercados por armas que os recordam, frequentemente, sobre as possíveis consequências de não estar enquadrado dentro dos estereótipos de gênero.
E você, caro leitor?
Conhece mais algum mecanismo educativo violento?
Karine
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Karine David Andrade Santos – Psicóloga CRP-19/2460 realiza atendimentos individuais para adultos e adolescentes em Aracaju/SE e orientação psicológica via Skype ).
Membro da Cativare (https://www.facebook.com/cativarepsi/).
Idealizadora do Projeto De Bem com Você em parceria com a psicóloga Eanes Moreira. (Informações via whatsapp (79)99922-8130)
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