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Quando o Vilão dos Contos de Fadas nos Cativa

Vilão

[…] a linha que divide o bem do mal atravessa o coração de todo ser humano. E quem se disporia a destruir uma parte do seu próprio coração?

 Alexander Solzhenitsyn

A dicotomia bem e mal é um tema recorrente nos contos de fadas, literaturas e filmes em geral. Houve um tempo em que torcíamos pelo herói ou mocinho(a) da história.

Ficávamos angustiados e “roendo as unhas”, ansiando pelo famoso final feliz, ou, como costumamos dizer, o bem vencer o mal. vilão

A ressignificação dos contos foi acontecendo no passar dos séculos de forma muito natural. E, com isso, os vilões começaram a nos cativar, ganhando nossos corações.

Hoje, não mais torcemos apenas pelos “bonzinhos” dos enredos, mas também pelos personagens malévolos. Tudo isso porque eles nos seduzem. Convidam-nos a adentrar em seu universo e, quando nos damos conta, já estamos completamente apaixonados e envolvidos.

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Na originalidade dos contos, o oposto bem x mal estava presente tanto nos heróis como nos vilões. Isto é, a humanidade sempre esteve ali, com sua dose de positividade e negatividade. vilão

Tempo depois, em especial, nas adaptações da Disney, essa dicotomia passou a ser bastante enfatizada, de modo que o vilão dificilmente obtinha sucesso em seus planos.

Mas, nos dias de hoje, essa ideia transformou-se. Quantas vezes já não acompanhamos heróis virarem maus e vilões virarem bons? O seriado Once Upon a Time está aí para comprovar isso! Vilão

Ninguém é de todo bom, assim como ninguém é de todo mau. Somos paradoxais! Somos opostos! Porém, não no sentido de um ser contra o outro ou de um ser melhor que o outro. vilão

Pela perspectiva da Psicologia Junguiana, os opostos se complementam. Ao mesmo tempo em que temos luz, também temos sombra dentro de nós.

Por isso, em partes, os vilões nos cativam, eles espelham o nosso lado mais sombrio, o qual como disse mais acima e repito, não é de todo ruim.

Marie-Louise Von Franz, grande estudiosa dos Contos de Fadas pela perspectiva da abordagem junguiana, descreve em seu livro “A sombra e o mal nos contos de fada”, que “a sombra é tudo aquilo que faz parte da pessoa mas que ela desconhece” (FRANZ, 1985. p.12).

Durante o processo terapêutico os aspectos da sombra tendem a se tornarem mais conscientes, entretanto, é muito comum o paciente perceber esses aspectos e não saber o que fazer com eles.

Franz menciona que esse é um ato de coragem, pois estamos abraçando o nosso outro lado, o lado das características que não nos agradam tanto, mas que também fazem parte de nós. vilão

Embora, nos contos de fadas nos identifiquemos ou não com alguns aspectos sombrios, isto não quer dizer que nos identificamos somente com aspectos que são nossos.

Por exemplo, a Rainha Má do conto Branca de Neve traz consigo toda uma imagem de poder, luxúria e mal. Contudo, isso não quer dizer que nessa imagem encontra-se representado totalmente quem nós somos no âmbito sombrio, e sim, a ideia coletiva que temos do mal.

Rainha má, poder, luxúria e mal! vilão

Lembrem-se: o conto de fadas reflete a nossa psique, tanto de maneira coletiva quanto individual. Ou seja, nesses enredos nos deparamos com os simbolismos coletivos do mal, os quais poderão ou não fazer sentido para a nossa realidade individual. vilão 

Para compreendermos um pouco mais o conceito de sombra, podemos pensar no conto de Peter Pan. A sombra do personagem tem papel fundamental.

Vez ou outra ele a perde, a reencontra, a costura para não perdê-la novamente e assim por diante. Ela não é de todo ruim, entretanto, quando negada, pode cegar. 

Do mesmo modo acontece conosco, se negarmos por completo nossa sombra ela poderá impedir com que enxerguemos com clareza o que está em nossa frente e ao nosso redorvilão

Identificar-se com o personagem mais malvado de um conto de fadas, possibilita, portanto, que nos aproximemos mais de nossos aspectos sombrios e, consequentemente, de uma das porções de nós somos.

Vale ainda evidenciar que gostar do vilão não nos torna maus, nem muito menos quer dizer que somos pessoas ruins. Isso somente aponta para possíveis características que podemos ter em nós, como se o personagem fosse o espelho que reflete um de nossos segredos mais íntimos.

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A linha entre o bem e o mal é tênue, se destruirmos um deles (bem ou mal), acabaremos por destruir a nós mesmos. E como descreveu Alexander Solzhenitsyn, na citação inicial desse artigo, quem se disporia a perder uma parte de seu próprio coração?

Um beijo e uma (re)descoberta,

Juliana. 

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Juliana Ruda – Psicóloga de Orientação Junguiana (CRP 08/18575). Tem Especialização em Psicologia Analítica. Atua na área clínica atendendo jovens e adultos. Ministra cursos, palestras, workshops e grupos de estudos com temas relacionados à Psicologia, Psicologia Junguiana e Contos de Fadas. É uma das colaboradoras da Comissão Temática de Psicologia Clínica do Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Além de eterna aventureira dos Contos de Fadas!

Contatos – E-mail: psicologa.julianaruda@gmail.com 

Facebook: https://www.facebook.com/PsicologaJulianaRuda/

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